A nostalgia do Natal
Não recebi assim tantos presentes - dir-se-ia que os áureos anos de mocidade já lá vão.
Não recebi assim tantos presentes - dir-se-ia que os áureos anos de mocidade já lá vão.
Hoje vi uma barata na rua. Lá estava ela, bem grande, castanha e com as asas já meio abertas (nem sabia que as baratas tinham asas). Eu estava a falar ao telefone, pelo que não me coibi de gritar “Está aqui uma barata no chão!”, ao que prontamente todos os transeuntes se quedaram a olhar para mim, e a barata ocultou-se por entre folhas caídas das árvores, também estas castanhas.
Era uma vez um homem que não gostava de ninguém. Não gostava do pai, da mãe, da irmã e nem sequer da sua esposa. Não gostava dos filhos, não gostava do cão nem do gato de estimação. Sempre que alguém lhe dizia algo que lhe desagradava, respondia com sete pedras na mão. Também não gostava muito do Natal, e ficava cada vez mais irritadiço à medida que essa data se aproximava. Não queria fazer as compras de Natal porque as lojas estavam demasiado confusas, mas revoltava-se sempre que as outras pessoas não as faziam nas datas por ele estipuladas. Este homem tinha apenas desejos e comportamentos imediatos. Era assim que planeava a sua vida.
“Está tanto calor hoje”, pensou para consigo mesma a mulher. E, de facto, a temperatura de 32ºC que se verificava quase ao final da tarde tinha o seu quê de abrasador. Ainda para mais quando já carregava, há mais de duas horas, uma saca de batatas daquelas dimensões pelos trilhos delineados nas serras.
Filipa! Por favor! Não faças isso! Não te cases! Eu... eu... tenho aqui uma fotografia para ti! E és muito nova! Sig...