Estava tanto frio... Sentado no solo da superfície lunar, olhava para a Terra, distante, rápida e impiedosa, com o seu movimento ininterrupto... O tempo também não estava a andar para trás, e agora que finalmente estava sentado a descansar sem perturbações exteriores, é que sentia falta daquela agitação das vidas pequeninas das pessoas da Terra, também elas pequeninas pela distância a que se encontravam. Mas também já não havia nada a fazer! Era impossível voltar, e ninguém sabia de quem era a culpa. Dava quase vontade de rir, porque se não fossem os segundos-luz de distância, conseguiria ver todas aquelas pessoas, numa espécie de Big Brother Espacial. Europa, África, Ásia, Autrália, América... os continentes desfilavam e com eles os seus habitantes. Queria era ver as horas! Mas o telemóvel já não tinha bateria, e de cada vez que o tentava ligar, a sua luzinha esverdeada apenas se acendia por uns segundos... O que já não era nada mau porque lá em cima, para além de frio, também estava escuro! Se ao menos conseguisse ver o mostrador do relógio... E o Sol que teimava em não aparecer...!